Lápis de cor, tecido, linha, agulha, sensibilidade e um toque de afeto são alguns dos instrumentos de trabalho da teresinense Felícia Mendes. A artista cria Toys personalizados, versões diminutas das pessoas em forma de pelúcia, peças artesanais únicas que refletem com leveza traços delicados e até íntimos de seus clientes.
Adepta do Slow designer, técnica que propõe o uso sustentável de materiais ecologicamente corretos, Felícia pontua que o processo de construção das peças é feito por etapas. "As versões nascem a partir de imagens de diferentes ângulos que os clientes me enviam e de informações como gosto musical, cor preferida, impressões que transmitam a personalidade. A intenção é que o Toy fique o mais próximo da personalidade do cliente em si e não somente com a sua aparência física. Todo o processo de criação é feito manualmente desde o desenho até a costura", explica Felícia.
A designer esclarece que suas inspirações são bem particulares: "Gosto muito da natureza, de olhar, de observar e de absorver. Gosto também de conversar com as pessoas e de conhecer a fundo o trabalho delas, não conhecer só de olhar, gosto de perguntar de saber como foi feito", detalha.
A artista que desenha desde a infância se diz feliz com os resultados que tem obtido com o trabalho: “Fazer esse trabalho é de fato muito prazeroso pra mim porque envolve muita coisa que eu gosto, envolve cores, envolve desenho, envolve o fato de conhecer gente nova e de satisfazer as pessoas com algo novo, porque estamos acostumados a presentear de uma forma que, de ir na loja e acabou, entende?”, ressalta Felícia.
As versões são confeccionadas basicamente em lona de algodão fino, tinta pra tecido, canetas coloridas permanentes e fibra siliconada. Todo o material é antialérgico, já que a intenção é o contato, a troca de afeto constante com as peças.
Dentre as propostas da artista destaca-se a coleção "A Cor da Fé" que traz um toque de religiosidade às peças, que exploram desde a fé cristã à espiritualidade da umbanda. A Designer resolveu criar a série ao perceber que as peças religiosas são em maioria confeccionadas em matérias como argila e cerâmica. A intenção é aproximar o publico infantil desses símbolos de maneira tátil.
"Quando eu desenvolvi as versões dos deuses, dos santos, dos oxuns, e religiosas, eu pensei em fazer algo que pudesse ser tocado pela criança sem que quebrasse ou que pudesse causar algum dano ou colocar ela em situação de risco", revela Felícia
Xilogravura como estamparia
Apesar de ser uma técnica antiga e já em desuso, a xilogravura faz parte do trabalho da designer, que aplica uma proposta repaginada e atual em suas peças. A partir da técnica, Felícia passou a explorar métodos alternativos de estamparia com carimbos feitos a partir de borracha escolar.
"Nunca tinha achado uma técnica que de fato me apaixonasse e pelas andanças, acabei encontrando a xilogravura, que hoje aplico de modo alternativo", concluí.
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